Academia e Mercado, o melhor dos 2 mundos
Publicado em: . | Por: Gileno Filho | Arquivado em: utils
Ultimamente tenho gostado bastante de discutir esse tema: Mercado x Academia. E depois de ver os links abaixo, fiquei motivado a escrever:
- https://groups.google.com/forum/#!topic/python-brasil/373Fh7eVS0w
- http://blog.txus.io/2014/10/programming-and-computer-science-an-imminent-divorce/
Eu comecei a programar de verdade quando entrei na universidade (Ciência da Computação - CIn/UFPE), ela foi minha porta de entrada no mundo da computação - antes eu só fazia umas páginas estáticas no falecido FrontPage.
Hoje em dia eu vejo muitos programadores começarem por cursos técnicos e/ou através da simples curiosidade executada em buscas no google. Isso é fantástico, pois programação não deveria ser apenas para universitários de cursos de ciência da computação e correlatos, acredito que programação deveria ser uma matéria básica como matemática, ou talvez um dos tópicos desta disciplina.
Entretanto eu tenho visto um problema nesse cenário: os programadores estão desvalorizando demais a universidade, estão cometendo o mesmo erro que alguns acadêmicos mais conservadores. Da mesma forma que eu sou contra fazer pesquisa, gerar conhecimento e não entregar algo a sociedade, seja em forma de produto ou conclusões/previsões, também não concordo em partir para o mercado sem pesquisa, sem uma base de conhecimento necessária para gerar algo interessante, algo inovador.
Eu entrei na universidade em 2006.2 e até o 6º período/semestre, cursei normalmente a universidade, isso foi muito bom pois me deu uma base significativa, e eu devo muito a qualidade do meu curso. Após esse semestre eu fiquei mais longe distante do curso por motivos pessoais e porque comecei a trabalhar mais intensamente.
Um dos meus trabalhos foi na startup Atepassar, que hoje não está mais ativa. Lá comecei a ficar cada vez mais empolgado com ter meu próprio negócio, tocar algum projeto pessoal, e isso fez com que eu me afastasse da universidade e em alguns momentos tivesse até raiva, porque para mim a universidade deveria entender que eu tinha pouco tempo e os projetos e aulas deveriam ser mais amenas, doce ilusão.
Hoje eu tenho uma visão bem mais madura de alguns anos atrás, se antes eu achava que a universidade era burocrática, chata e uma geradora de artigos sem utilidade, agora eu penso que a universidade tem como principal função alimentar a ciência, a pesquisa científica como forma de gerar conhecimento, obviamente eu não estou falando de faculdades/universidades que são apenas "entregadoras de diploma", estou falando de instituições sérias que se preocupam com o aluno e têm responsabilidade social.
Infelizmente, mesmo nessas instituições sérias, é comum encontrar pessoas que buscam apenas criação de artigos que não têm uma boa base de pesquisa, um estudo realmente interessante. Mesmo sabendo que no Brasil a moeda nas universidades são artigos científicos, é possível priorizar qualidade sobre quantidade e ainda sim ter uma boa carreira acadêmica, eu conheço vários bons exemplos no CIn/UFPE e na POLI. Pessoalmente, conheço alguns professores que levaram suas pesquisas ao mercado em forma de consultorias e empresas (mesmo que oficialmente eles não possam ter empresas), e conseguiram bastante sucesso, como sucesso é algo muito relativo, entenda como um negócio sustentável, lucrativo e de bom alcance.
Finalmente o que eu quero concluir é que é possível trabalhar bem os dois lados, aproveitando as oportunidades que o mundo acadêmico fornece e levá-las ao mercado para gerar inovação. Mas esse conhecimento acadêmico/científico não precisa se restringir a universidade, a formalidade de curso de graduação ou pós-graduação, você pode adotar a metodologia científica no seu dia a dia e juntamente com o feeling de mercado criar excelentes produtos e serviços. Com a quantidade de cursos de excelente qualidade que plataformas como Coursera, Udacity e Edx oferece é até vergonhoso dizer que não consegue estudar porque não têm dinheiro ou não consegue passar em um vestibular.
Enfim, para mim o ideal é sempre tentar mesclar as duas visões para criar coisas com excelência e eu tenho buscado isso cada vez mais nos meus projetos.
Como leitura complementar eu indico os textos de Silvio Meira que dispensa apresentações:
- http://boletim.de/
- http://www.ikewai.com/WordPress/2012/09/18/precisamos-inovar-mais-como/
- http://www.ikewai.com/WordPress/2012/05/30/graal-the-search-for-grand-algorithms-in-truly-global-software-markets/
